Lei federal 11.343 proíbe “drogas capazes de causar dependência” em todo o país. Mas em São Paulo, no Rio de Janeiro e na maioria dos municípios brasileiros esta lei não é cumprida. Assusta ver nas ruas , nas esquinas , crianças, adolescentes e adultos fumando maconha e crack ; cheirando cocaína e tomando ecstasy nas festas, além de adolescentes contarem, sem nenhum constrangimento, já tomarem bebida alcoólica em suas festas, apesar da Lei em vigor. Constatação de especialistas em dependência química que participaram do maior congresso antidrogas realizado no país. O Freemind reuniu dois mil representantes do Amor Exigente e de comunidades terapêuticas de 23 Estados brasileiros no final de semana no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo. Jovem Pan Pela Vida, Contra as Drogas, campanha com apoio da Lincx Sistemas de Saúde e da Sociedade de Pediatria de São Paulo, foi mostrada como exemplo de prevenção.
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador d a UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas), da Unifesp , alertou:
“ACHAR QUE CRACOLÂNDIA É NORMAL É FICAR IMPOSSIBILITADO DE REALIZAR POLÍTICAS REPRESSIVAS E DE TRATAMENTO. É PRIMITIVO ACHAR QUE O USO DE DROGAS, DE CRACK É NORMAL. O BRASIL JÁ É O PRINCIPAL MERCADO DE CRACK NO MUNDO.Qual a política brasileira para evitar a entrada da cocaína produzida na Colômbia, Bolívia e Peru ? Não tem política para isso. “
O dr. Ronaldo Laranjeira classificou como “ingênuo achar que só grandes traficantes deveriam estar na cadeia. O grande contingente é de pequenos traficantes. Regionalmente, a polícia poderia descobrir os pontos de venda da cidade colocando policiais exatamente onde se consome a droga para acabar com esses pontos de venda Mas não tem política nenhuma.”
Dr. Ronaldo Laranjeira destaca outra facilidade para o traficante no Brasil: A droga é muito barata. Maconha é a droga de adolescentes no Brasil. O risco?37%dos usuários de maconha se tornam dependentes. Cocaína já se experimenta antes dos 18. “
Mais grave ainda: “80% dos internados por dependência quimica desenvolveram com o uso de drogas outras graves doenças: depressão, transtorno de personalidade, ansiedade, déficit de atenção, Qual é a política para tratar esses doentes? Por enquanto não tem .”
Dr. Ronaldo Laranjeira enfatiza:“ACHAR QUE CRACOLÂNDIA É NORMAL É SER INSENSÍVEL AO SER HUMANO.A PESSOA NÃO PODE FICAR NA RUA USANDO CRACK. ISSO É PRIMITIVO . MOSTRA A FALTA TOTAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS ANTIDROGAS.”
Ronaldo Laranjeira é médico formado pela Escola Paulista de Medicina em 1982, com residência em psiquiatria pela mesma instituição. Fez o PhD em Psiquiatria na Universidade de Londres (Maudsley Hospital) no setor de Dependência Química. Atualmente é professor titular do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) do CNPq e coordena a UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas). Tem grande experiência na área de tratamento da dependência química e coordena uma série de cursos de especialização nessa área, com mais de 1.000 alunos do Brasil inteiro formados. Tem mais de 180 artigos científicos publicados. CV Lattes – laranjeira@clinicalamedas.com.br